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"Não cobiço nem disputo os teus olhos, não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos, nem sei tão pouco se quero ver o que vêem e do modo como vêem os teus olhos. Nada do que possas ver me levará a ver e a pensar contigo se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo.
"
(Iniciação - Ademar Santos)

6 de agosto de 2010

"o que deveria dizer, se só sei o que sinto? "

Pego textos de outras pessoas pra falar do que quero. Parece mais impessoal. Mas diz tudo.
Porque os meus textos mesmos dizem coisas demais mas só podem estar dentro de uma caixinha que só eu tenho acesso.

(Seleção de textos da Tati Bernardi - Sim. Li quase todos do site dela. hUAhUASHu. Tenho o que fazer sim, mas não quero.)

"Meu amor é a cadeira com pé quebrado que tiraram do salão antes que alguém se machucasse. Então me recuso a sentar em outras e vivo entre o cansaço e o medo de cair de mim mesma.
Sempre me apaixono depois que acaba a paixão. Só assim sei amar. E então te carrego no peito e em tudo, ao ir sozinha ou mal acompanhada ao cinema. E então janto com você e como bem e até bebo. E passamos sem perceber uma vida inteira. Só porque agora você se foi, é que sinto que você chegou de verdade. E é com você que vou até a esquina e o fim do mundo, porque posso tudo agora. Agora que não posso nada.
É sempre na falta que vivo. É sempre em cima da altura que não tenho que olho o mundo. E das coisas que eu não sei que falo melhor. E dos sentimentos que eu não poderia sentir que me abasteço pra ser alguma coisa além do que me faz mais uma.
É de onde não se pode estar que tenho saudades. É para o lugar do qual fugi que vou quando corro. É no lugar insuportável que fico quando descanso de algo que não aguentei. É na falta que vivo. O tempo todo sendo a mulher pra você que nem você quer. O tempo todo sendo a mulher que você não vê mais e só por isso, agora, te vejo o tempo todo. É te amando tão infinitamente que me liberto de gostar pelo menos um pouco de você.
É do meu auge que caio feio. Na paz de fechar um arquivo que volto a pensar na página em branco e em tudo que não sou capaz.

Quando eu não parecia te ouvir, eu estava ouvindo suas milhares de vozes e tentando dar conta de gostar de tanta gente diferente que era gostar de você.
E se não tem ninguém pra chegar é aí que verdadeiramente espero.

Você merecia ser amado assim, do jeito que acaba pra começar. Uma covardia só pra quem aguenta firme. Sempre no oco me preencho tanto que explodo. É no nada que está tudo aqui.
E vai começar tudo de novo só porque acabou.

Disse pra mim. Nenhum pio. Não vou falar nada. Já que sou tão imprópria, inadequada, boba. 
Já que nunca basto e se tento me excedo. Já que não sei o que deveria ou exagero em querer saber o que não devo. Nunca entendo exatamente, nunca chego lá, nunca sou verdadeiramente aceita pela exigência propositalmente inalcançável. Meu riso incomoda. Meu choro mais ainda. Minha ajuda é pouca. Minha saudade é prisão. Minha preocupação chatice. Minha insegurança problema meu. Meu amor é demais. Minhas críticas causam coisas terríveis. Minhas palavras cuidadas incomodam. Minhas palavras jogadas, mais ainda. Minhas opiniões sempre se alongam e cansam. Minha construção, desconstrói. Meus convites quase nunca agradam. Meus pedidos sempre desagradam. Meu bombardeio de coisas sempre acaba em guerra. Minha paz que viria depois nunca chega, pois eu nunca chego. Minha voz doce assusta. Minha voz brincalhona é ridícula. Minha voz séria alarde. 
Nenhum pio. Disse pra mim. Falar do que sinto é, na hora, desintegrar com seu olhar. Então fico me perguntando sobre o que deveria dizer, se só sei o que sinto.
Meus sonhos evito falar, um medo de ser menina. Quieta. 
Se começo preciso terminar. Mas quando termino, ele já não está mais. S
Se não explico, pareço louca. Se explico, sou louca. Quieta. Isso! Você consegue! Se for o que eu penso, eu penso errado. Se for o que eu não penso, errei por não pensar. Se não for nada disso, eu que pensasse antes. Se estou animada, cuidado com a rasteira. Se estou desanimada, não tem mão pra levantar. Nada. Não vou sussurrar. Nem gemer. Nenhum som. Respiração muda. O silêncio absoluto. Olhando pra ele. Lembrando de quando ele me disse que é no silêncio que se sabe a verdade. E a verdade chega como um teto gigante que desaba numa cabecinha de vento. O que eu mais temia.

O “acabou” sempre chega ou chegou como se eu jamais tivesse parado pra pensar nele. Cruel, terrível e doloroso além de mim.
O último dia em qualquer coisa que tenha durado tempo suficiente pra me fazer dormir sorrindo com o dia seguinte.

Sou uma carta gigante, chata, cheia de erros, longa demais, muito complicada. “Chega”, alguém, com preguiça de ler sobre o amor ou sem coração para se emocionar com uma carta, disse. E eu virei bolinha de papel.
Eu sou uma bolha de detergente, cansei de exterminar os restos e limpar as sujeiras e saí para voar um pouco. Só não fui avisada de minha fragilidade e estourei,

Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só.
Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga para a minha solidão. Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia.

Eu detesto seu riso alto e forçado pisoteando o meu mundo de sombras, eu detesto você saindo pela porta e as paredes se fechando, se fechando, e eu sem poder berrar: para, pelo amor de Deus, você me resgatar, e me colocar no colo, e me dizer que você me entende e sofre também.

Queria te contar que descobri porque te tratei mal da última vez. É que o raio da blusa cinza furada te deixa tão bonito e eu tenho mania de chorar quando acho alguma coisa muito bonita. E pra não chorar eu trato mal. A vida me emociona o tempo todo mas se eu ficasse chorando, quem ia pagar minhas contas e quem ia me querer cheia de olheiras? Então eu corro. Me dá de novo a vontade de ir embora. Eu to sempre indo embora mas aí vai um super clichê...: é de tanto que eu só queria ficar.

Eu endureço e esqueço o resto das coisas, porque quero ficar toda inteira pra quando você me quiser de volta.
Tenho medo do vento que passa arrancando partes de mim e das pessoas que me envenenam, matando partes de mim. Não quero ouvir ninguém, não quero saber de nada, não quero sentir nada.

Imagine se, por causa daquele longo adeus que eu dei e que nunca mais acabou, porque o adeus definitivo dói demais, você volta e me encontra sem as mãos? Imagine se você me encontra sem joelhos porque resolvi contar a Deus o quanto ainda confundo amor com escravidão?

E eu acho uma traição sair por aí dando pedaços do meu pulmão para ares mais leves, pedaços do meu coração para risos mais despretenciosos...

Eu sei que as ruas vão continuar com seus lixos, seus cinzas e suas possibilidades de destino. Eu sei que a poeira vai continuar dançando em volta do meu lustre enquanto eu tento me concentrar em duas ou três frases de um livro qualquer.

Nada muda no mundo quando você não caminha ao meu lado, as pessoas quase não percebem que falta metade do meu corpo e que eu não posso ser muito simpática porque toda a minha energia está concentrada para eu não tombar.

Amor não se pede, é uma pena. É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei.

E de escolhas e de perdas é feita a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência. Da vida que te confunde tanto que você quer se afastar de tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te
emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te dá um tapa na cara pra você acordar e não tem ninguém pra cuidar do machucado e dizer que vai ficar tudo bem. Da vida que te engana.

É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe."

4 comentários:

  1. Achei muito bom o texto não vou mentir, que li tudo, mas li a metade muito bom
    e tem muitas verdades creio.
    amar sempre depois que tudo terminou...
    é cruel...
    sentir falta
    mas creio que podemos ser supridos em Deus. e ai sim amar por amar e não por necessidade ou carência.
    beijos linda muito o que você ler

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  2. Lii e ameeeeeeei demais ;) Yasmim Silva

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  3. Amei sua pagina e sou sua chará.. rs (agora seguidora e fã).. risos

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